I a vida é como uma viagem imprevisível entre lugares inexistentes um esguicho nos coloca neste mundo onde não pedimos para estar e um sopro nos leva para um lugar onde não gostaríamos de ir II são onze horas de domingo e meu adubo seria o café plantado pelo meu amigo, mas ele esqueceu de […]
chispa
eu queria dentro desta mancha ter a compreensão que você diz te espantar eu queria ser espelho refletindo seu olhar só para você delinear meu caráter eu queria a despretensão do encontro antes da confusão pairar entre nós eu seria divertido se aceitasse a vida enquanto encontro virando do avesso o mal-entendido de saber o […]
verdade chinesa II
simone zuccolloto está sentada na mesa da frente e o mel em lisboa soa como grossas gotas de chuva sobre a terra soando nos sulcos das pedras históricas em tiradentes onde um cachorro vagueia procurando abrigo sentindo o cheiro da terra e grama molhadas anunciando o meio de uma estação que solta o riso
madame bovary
me seguia pelo mercado enquanto chovia para pedir paciência pois minha escrita é obscura para ela eu lhe pedi calma para não colher as coisas caídas no chão afinal onde as palavras reinam aquilo que não se deve dizer se cala para esculpir as melodias envoltas pela noite
verdade chinesa I
fazer algo simples (como um poema) é difícil à beça
para alexandre, o grande
a prática desta ou daquela sutileza em um mundo bárbaro, como proferiu barthes, não é poesia mas, sim, como escreveu kaváfis, a conciliação da espera dos bárbaros aborrecidos (pela eloquência e pela retórica) com a procura por Ítaca, até lá aquilo que a gente procura vem ao nosso encontro.
experimentação poética V (ou em São João del-Rei)
No café, que não ocorreu, você escreveu furiosamente pelo whatsapp sobre um mal entendido – pois, desde que tudo isso começo, sou eu quem entende tudo errado, não é mesmo? – na chuva, dividindo a sombrinha, você segurou meu braço, depois da dança , você expressou sua linguagem daí, ia imaginando como seria seus braços […]
experimentação poética IV (ou ao modo plagiário)
não dar importância para as coisas antes de descobir a importância que as coisas têm mas, o que é a coisa? a coisa estreita está à altura da mão a coisa larga ronda o mundo, acontece que nada é dado com antecedência algo novo sempre sonda sua existência o mundo não está definido
experimentação poética III (ou na hora do almoço)
comida e tristeza habitam a sala e o fundo do prato se nossos corpos distantes percorrem até a cama o caminho que leva ao sonho de encurtar a distância que só se faz menor no escuro esse atalho entre duas pessoas a cada mil lágrimas um milagre com gosto de sal meu sorriso está amarelo […]
experimentação poética II (ou o poeminho)
meu amor nem gosto tanto de você assim queria mesmo aprender Roland Barthes para te escrever cinco ou dez bonitos poemas – tanto faz – bom, difícil e simples é aprender como viver juntos